Saber se comunicar é uma arte
O gênero também é outro aspecto que deve ser observado para que o texto falado ou escrito obtenha o resultado esperado. Deve-se ter em mente o público a quem o texto será direcionado e suas características.
Imaginemos a seguinte situação de uma professora alfabetizadora. Um dos alunos da sua turma, o Pedro, está com dificuldades para aprender a ler e a escrever. Ele tem 7 anos e, apesar de ser uma criança adorável, apresenta alguns problemas visíveis em sala de aula. Ela, dessa forma, percebe que ele precisa de ajuda e decide encaminhar uma carta para a psicopedagoga da escola (carta 1) relatando o problema. A mãe do Pedro não tem formação pedagógica, mas demonstra grande interesse pelo aprendizado do filho, a professora decide escrever uma carta também para ela (carta 2) relatando o caso. Não há, nessa situação, possibilidades de falar com ela pessoalmente. Vejamos:
Carta 1-
Itanhaém, 18 de Março de 2012
À psicopedagoga
Em minhas observações percebi que o aluno Pedro não está com bom desempenho na linguagem oral e não está dominando bem a linguagem escrita. Mesmo colocando-o em contato com diferentes materiais escritos e diferentes textos apresenta dificuldades em assimilar os conteúdos.
Ainda não demonstra interesse em participar das atividades propostas; muitas vezes parece se desligar da realidade, envolvido em seus pensamentos, em alguns momentos aparenta timidez, não conseguindo interagir nas atividades de leitura e escrita.
Portanto, espero que com seu auxilio consiga criar condições para que o aluno Pedro avance em sua compreensão sobre as regras do sistema alfabético, e consiga interpretar e usar a escrita.
Atenciosamente,
A professora.
Carta 2-
Itanhaém, 18 de Março de 2012
Mamãe
Devido sua demonstração de interesse pelo aprendizado do seu filho Pedro, resolvi compartilhar minha preocupação com o desenvolvimento de sua aprendizagem.
Pedro está com dificuldades para ler e escrever. Em alguns momentos demonstra timidez, motivo este que dificulta a realização das atividades realizadas pela turma.
Por esse motivo eu e a equipe escolar resolvemos pedir auxilio para a psicopedagoga da escola.
Contamos com sua compreensão, pois Pedro será beneficiado com essa ação.
Atenciosamente,
A professora.
Observando os dois exemplos acima se percebe que, se ambas as cartas fossem trocadas e enviadas para os destinatários errados a compreensão da mensagem ficaria comprometida. Não exerceria o efeito desejado e esperado: se o destinatário da 1ªcarta (coordenadora) recebesse a carta 2 poderia até compreendê-la, ainda que a linguagem coloquial não fosse condizente com o cargo que ela ocupa. Acontecendo o inverso: a destinatária da carta 2 (mãe do aluno) recebesse a carta 1 teria dificuldades em compreendê-la pois não domina certos conceitos e termos da área pedagógica.
Muitos de nós, quando criança, aprendemos a escrever textos na escola com as famosas composições. A palavra REDAÇÂO causava arrepios e às vezes, até dor de barriga, seguido de um branco completo diante da folha de caderno e o tema da redação. Isso ocorria porque não tínhamos foco e não sabíamos o que escrever, por que e como escrever. Com um histórico assim não é difícil entender a dificuldade que a maioria de nós temos em escrever e expressar nossas idéias.
Hoje, é consenso entre os pesquisadores: as crianças devem ter contato desde cedo na escola com os diversos tipos de textos, de maneira a perceberem a função de cada um. Deste modo aprenderão a usar corretamente as ferramentas textuais e a se expressarem com clareza, intencionalidade e de forma competente.
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