terça-feira, 20 de março de 2012


Saber se comunicar é uma arte

Saber se comunicar oralmente, ou através da escrita pode não ser tão simples como parece. Muitas expressões que não obedecem às regras gramaticais acabam sendo incorporadas ao nosso cotidiano e devido à força do uso se enraízam de tal forma que mesmo com o esforço dos especialistas da língua Portuguesa em nos esclarecer e corrigir os erros através de vários veículos da mídia, ainda assim essas pérolas teimam em permanecer entre nós: “menas”, “de menor”, etc.
O gênero também é outro aspecto que deve ser observado para que o texto falado ou escrito obtenha o resultado esperado. Deve-se ter em mente o público a quem o texto será direcionado e suas características.

Imaginemos a seguinte situação de uma professora alfabetizadora.  Um dos alunos da sua turma, o Pedro, está com dificuldades para aprender a ler e a escrever. Ele tem 7 anos e, apesar de ser uma criança adorável, apresenta alguns problemas visíveis em sala de aula. Ela, dessa forma, percebe que ele precisa de ajuda e decide encaminhar uma carta para a psicopedagoga da escola (carta 1) relatando o problema. A mãe do Pedro não tem formação pedagógica, mas demonstra grande interesse pelo aprendizado do filho, a professora decide escrever uma carta também para ela (carta 2) relatando o caso. Não há, nessa situação, possibilidades de falar com ela pessoalmente. Vejamos:


Carta 1-

Itanhaém, 18 de Março de 2012

À psicopedagoga

         Em minhas observações percebi que o aluno Pedro não está com bom desempenho na linguagem oral e não está dominando bem a linguagem escrita. Mesmo colocando-o em contato com diferentes materiais escritos e diferentes textos apresenta dificuldades em assimilar os conteúdos.
     Ainda não demonstra interesse em participar das atividades propostas; muitas vezes parece se desligar da realidade, envolvido em seus pensamentos, em alguns momentos aparenta timidez, não conseguindo interagir nas atividades de leitura e escrita.
    Portanto, espero que com seu auxilio consiga criar condições para que o aluno Pedro avance em sua compreensão sobre as regras do sistema alfabético, e consiga interpretar e usar a escrita.
Atenciosamente,

A professora.

Carta 2-

Itanhaém, 18 de Março de 2012

Mamãe
Devido sua demonstração de interesse pelo aprendizado do seu filho Pedro, resolvi compartilhar minha preocupação com o desenvolvimento de sua aprendizagem.
Pedro está com dificuldades para ler e escrever. Em alguns momentos demonstra timidez, motivo este que dificulta a realização das atividades realizadas pela turma.
Por esse motivo eu e a equipe escolar resolvemos pedir auxilio para a psicopedagoga da escola.
Contamos com sua compreensão, pois Pedro será beneficiado com essa ação.
Atenciosamente,

A professora.


Observando os dois exemplos acima se percebe que, se ambas as cartas fossem trocadas e enviadas para os destinatários errados a compreensão da mensagem ficaria comprometida. Não exerceria o efeito desejado e esperado: se o destinatário da 1ªcarta (coordenadora) recebesse a carta 2 poderia até compreendê-la, ainda que a linguagem coloquial não fosse condizente com o cargo que ela ocupa. Acontecendo o inverso: a destinatária da carta 2 (mãe do aluno) recebesse a carta 1 teria dificuldades em compreendê-la pois não domina certos conceitos e termos da área pedagógica.
Muitos de nós, quando criança, aprendemos a escrever textos na escola com as famosas composições. A palavra REDAÇÂO causava arrepios e às vezes, até dor de barriga, seguido de um branco completo diante da folha de caderno e o tema da redação. Isso ocorria porque não tínhamos foco e não sabíamos o que escrever, por que e como escrever. Com um histórico assim não é difícil entender a dificuldade que a maioria de nós temos em escrever e expressar nossas idéias.
Hoje, é consenso entre os pesquisadores: as crianças devem ter contato desde cedo na escola com os diversos tipos de textos, de maneira a perceberem a função de cada um. Deste modo aprenderão a usar corretamente as ferramentas textuais e a se expressarem com clareza, intencionalidade e de forma competente.




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